segunda-feira, 21 de julho de 2008

Bom dia insônia

Boa noite dona insônia. 
Muito obrigada por me fazer companhia essa madrugada; mas, por mais que eu aprecie sua companhia em determinadas ocasiões, se possivel fosse, gostaria que vc não viesse me ver hoje. Nossa conversa foi produtiva, graças à vc pude colocar em dia todos os meus problemas, anseios e contradições, uma vez que tudo fervilhava em rodopios de pensamentos rápidos como a velocidade da luz. Vc sempre vem sorrateira, chega sem que eu perceba e vai quando o dia amanhece, é minha amante noturna. Conversamos horas sobre os mais variados assuntos; vc é excelente interlocutora. Como boa amiga, critica, dá conselhos e se esquiva de qualquer opnião quando o assunto é a sua vida. Prefere tomar conta da minha. Não me leve a mal, mas sera que essa noite vc poderia ir visitar outra amiga. Preciso dormir, pensar e raciocinar com tranquilidade, coisas que sua presença inquietante não deixa. Ahh e quando vier me visitar, por favor, ao ir embora, deixe uma bolsa de chá para os olhos, preciso dela, porque minha aparência fica terrível. Sei, sei, vc faz isso porque não quer concorrência à sua beleza sublime, mas não custa ser solidária ne. Mas não posso ser ingrata, graças à vc, muitas vezes tomei decisões adiadas, tive idéias criativas de trabalho, coloquei em dia o diário, estudei para a prova ou simplesmente aproveitei os bons programas que so passam na tv de madrugada. Alias notei que vc é a melhor amiga dos autores, amantes, compositores, músicos, boêmios, toda espécie de artistas. Minhas reflexçoes a respeito disso vieram da observação das grandes obras que foram feitas em sua maioria, na madrugada. Vi que não sou sua melhor amiga, mas compartilho da sua amizade com outras milhares de pessoas vítimas do rítmo da sociedade moderna. Cara amiga obrigada, não poderia deixar de agradece-la. Não recuse meu pedido ou entenda-o como afronta, mas é que realmente preciso dormir, me desligar da tomada e por poucas horas ser apenas eu.

sábado, 19 de julho de 2008

Menina

Menina que solta alegria
Menina que respira ousadia
Menina que ri ao chorar
Menina que brinca ao luar
Menina que vem e que vai
Menina que não sabe falar
Menina que gosta de ousar
que gosta de ser
que gosta de ter
que queria só ser
Menina
Menina que gira e que roda
Menina da saia rosada
Menina que engana
Menina que finge não saber nada
Menina levada
Menina inocente
Menina que engana muita gente
Menina malvada
Menina boazinha
Dissimula
Muda
Olha
Menina que sai na chuva e não se molha
que se protege
Menina herege
Menina santa
Menina que sabe que encanta
Menina
nina
Menina....
...

Gia

Hoje assisti ao Gia, filme sobre a vida da modelo Gia, uma das mais belas modelos da década de 80. Ela era uma bela mulher. Olhos verdes provocativos, uma boca que dava sentido a palavra desejo e um sorriso inocente que remetia qualquer um à lascívia. De personalidade forte, voz grave e uma postura senhora de si, ela encantava, ou melhor, inebriava qualquer um que demorasse um segundo a observá-la. O filme mostra pessoas dando depoimentos sobre ela e partes de seu diário. A beleza, a fama e o dinheiro não foram capaz de comprar o que ela mais queria: o amor. O amor que o pai lhe esquivou, que a mãe abandonou; o amor da mulher, a única criatura que amou. por medo, por carência, por desgosto, se entregou sem medo ao seu último fio de esperança, as drogas. Por várias vezes e em nome do amor quis largar toda aquela sujeira, mas na consegiu. A cada rejeição, embarcava numa viagem sem fim que começava no paraíso e a levava ao inferno em segundos. Numa dessas viagens, injetando o veneno que aliviava suas dores físicas e morais, contraiu o vírus. Não sabia que essa era sua última estação, numa viagem com partida e sem volta. Ainda encontrou um amigo que lhe estendeu a mão. A mãe, que tanto lhe negou a casa e o apoio, vendo a filha em seu final, teve um gesto de misericórdia. Talvez por covardia, por pena, por dor na consciência, quis a filha do lado, e ao seu lado ficou até o fim. Quem poderia julgá-la... Viveu um casamento de mentiras e por isso abandonou o marido pelo amante e deixou para trás a filha. Agora vendo-a ali indefesa, infantil, viu sua menininha, sua filha. E Gia se foi, imponente, plácida e bela, muito bela. Poderia por sua beleza ter conquistado os mais belos e ricos homens, mas prefiriu dar seu corpo e seu amor a única mulher. Secando as lágrimas que corriam pelo meu rosto devido minha comoção, fiquei parada alguns momentos refletindo sobre Gia. Como seus admiradores estava ali inerte, rendida a sua belez interpretada pela não menos bela Angelina Joli. O que me comoveu não foi a beleza dela, nem sua "forçada" ousadia tão parecida com a minha. Foi a sua história, os seus medos tão iguais aos meus. O medo da solidão, do desprezo. Sentia-me como ela, indefesa e tendo que ser forte por outros. Um bichinho acuado e que alguns imaginavam forte. Gia não conseguiu comprar o amor de todos com sua beleza estonteante, eu não posso comprar o amor mesmo amando tanto. A diferença entre nós duas: Gia era um mito, eu só quero ser eu mesma.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

tomar decisões

Não sou muito boa em tomar decisões. geralmente fico na dúvida, repenso, esqueço, coloco impecilhos, acabo adiando. Alguns chamariam isso de covardia, medo, incapacidade, fracasso, eu nao sei nominar essa minha limitação, apenas sou assim. Para minha surpresa essa semana tomei uma decisão que antes parecia-me impossivel, mudei. Mudei de cidade, de emprego, de atitude. Para uma pessoa como eu tão acostumada ao comodismo sentimental, essa decisão foi muito dolorosa. Em meio à um turbilhão de sentimentos controversos, aqui estou eu, distante milhares de quilometros do meu "conforto" pessoal. Quilometros de tudo o que mais valorizava: famila, amigos, ascensão profissional, festa, cultura, música. Longe de tudo isso, enclausurada ao anonimato, tento reconstruir-me. Há muito tempo remendava o cristal quebrado, formando um mosaico não muito bonito, porem aceitavel. Apos quebrar e requebrar, colar, remendar, reformar, decidi quebrar de vez. Pedaços pequenos, imensuráveis, estou aqui aos pedaços. Surpreenda-se comigo, estou me sentindo bem assim. Como argila na mão do habilidoso artesão, vou me moldando, criando forma, aparando arestas, transformando -me pouco a pouco ao toque das mãos criativa do mestre. Sei que ainda vai demorar muito até que eu esteja completa outra vez, até la, vou vivendo, cada momento único dessa magia linda chamada vida. Algum dia talvez eu tenha que tomar outras decisões, algumas mais fáceis, outras mais dificeis, mas aos poucos elas irão me ensinando.