quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

De repente 25

Escrevi isso pouco antes de completar 25 e agora estou pouco antes de completar 30....



Tenho 25 anos. Aliás, farei 25, hoje tenho 24 anos, 8 meses e 28 dias.
Não é engraçado como os dias parecem passar mais rápido? Parece que foi ontem meu primeiro beijo, aos 12 anos. E, num piscar de olhos, de lá pra cá, 12 anos se perderam no caminho. O primeiro beijo, o primeiro amor, a primeira decepção... Parecia tudo tão difícil naquela época...
A dor do amor doía mais, mas logo vinha outro amor que doía mais ainda, geralmente o intervalo de tempo entre um e outro era de mais ou menos meses, e dependendo da ocasião, dias. As roupas eram mais coloridas, as paixões mais avassaladoras e o máximo que as meninas da minha idade almejava era ter 15. Dormi depois de tanto chorar um amor perdido e quando percebi, tinha 15 anos.
Ahhh a tão sonhada idade não tinha muita diferença. Como é que consegui ir tão rápido dos 12 aos 15? Será que era mágica? Não. Definitivamente eu não era David Cooperfield e não conseguiria tal feito; mas a questão era essa: - eu pulei dos 12 aos 15 e não sabia como. Só comecei a entender a diferença quando veio a menarca, mudei o adjetivo amor para louca e mais intensa paixão, e os grupos musicais compostos de dançarinos afinados como os New Kids, Menudos, Dominó faziam parte da minha roda de assuntos.
Algumas das minhas amigas já tinham vivido experiências diferentes da minha, porque naquela época eu já tinha amigas bem mais velhas que eu, e as aventuras que para mim aos 15 eram novidades, para elas, aos 20 eram coisas do passado. Então ter 18 ou 20 era a idade almejada, a liberdade, poder chegar em casa às 2:00h ou entrar na faculdade. Quis tanto ter 18, ser independente, que fechei os olhos e então eles estavam lá, inteirinhos, bem vividos, 18 anos.
De novo! Como consegui fazer o tempo correr tão depressa? Adiantei o relógio, parei de fazer aniversário, pulei datas? Não me lembrava de ter feito nada disso, mas os 18 estavam ali, fresquinhos, com experiências novas e instigantes a serem vividas. Eu poderia sentir aquilo que minhas amigas mais velhas falavam tanto:- sexo, amor, traição, drogas, bebidas, liberdade, emprego. E experimentei cada experiência descrita por elas. A cada uma, essas amigas ouviam os relatos sempre acompanhados de um comentário como: “ na minha época foi assim”, ou “nossa, quando tinha sua idade foi tão diferente...” Como assim, quando elas tinham minha idade era tudo diferente? Não tinha sido elas que me fizeram sonhar com os 18 anos para viver cada história como elas viveram? Agora nada disso tinha mais significado? Não conseguia entender direito. Só sei que comecei a perceber que os anos, cada um que vivi eram especiais por sua própria característica e que não fazia sentido querer que eles passassem mais depressa.
Tarde demais, quando percebi havia piscado o olho e lá estava eu comemorando os 22 anos. Nossa, que loucura... 22 Como passou assim tão rápido? O que eu fiz nos últimos 4 anos? Quais seriam as minhas histórias? Quantos amigos eu deixei para trás? Quantos amores viraram paixões, e quantas paixões viraram decepções? Eu tinha muita pressa em viver todas as idades esperadas, que por causa da pressa, não vi ficar o que realmente tinha valor, o que era importante.
Poderia simplesmente ter vivido uma a uma as experiências que as idades pelas quais eu passei me proporcionaram. Vivi, mas não deixei que ficassem na memória. A pressa em chegar foi a mais cruel inimiga. Pressa para chegar. Estranho não? Agora tenho a severa necessidade que os anos já não passem tão depressa assim. Quero viver tudo de novo, fazer diferente, voltar aos erros e acertar, voltar aos acertos e errar. Fazer diferente, sofrer menos; ter mais amores, intensas paixões, mais amigas, quem sabe mais novas ou da mesma idade, mais sonhos.
Ah os sonhos. Ter os sonhos utópicos dos 12 anos ou os impossíveis e dramáticos dos 15, ou até mesmo os sonhos de carreira, as que mudavam a cada dia, característica marcante dos 18 aos 20. Sim, eu queria poder voltar no tempo. Não seria bom poder voltar no tempo e consertar certos enganos, conhecer de novo as pessoas ideais, não se apaixonar pelo melhor amigo... Mas o tempo não volta e o mundo, como boa esfera que é, continua rodando, com seu tempo milimétricamente cronometrado.
Assim como não posso estagnar o tempo e com ele a seqüência natural da vida como a velhice, o cansaço, o entardecer, as frustrações; declaro-me vencida por ele, comandada por seu relógio e predestinada a seguir meu próprio curso. E é assim, como num relâmpago, tenho 25, de repente 25, ou quase. Sim, prefiro o quase 25, afinal ainda faltam exatos 15 minutos, 3 meses e um dia.
Viverei cada segundo que a roda da vida me permitir, mas agora sem pressa. Curtindo a paisagem, o por do sol, o amanhecer, as novas paixões, que sejam ardentes, intensas ou não. Quem sabe surja um amor, ou dois; quem sabe eu tenha mais amigos, mais novos, mais velhos e faça com diferentes turmas uma grande turma de afeiçoes. Quem sabe eu tenha mais tempo para retomar antigos projetos, afinal não posso voltar o tempo, mas posso girá-lo e relembrá-lo sempre que as lembranças se fizerem saudosas.
De repente 25, ou melhor, quase. Nossa, nem me dei conta que ainda não casei, não tive filhos ( a maioria das amigas dos 12, 15, 20 e 22 anos os tem), não tenho emprego fixo, nem casa montada; não sou bem sucedida e não ganho bem. Meus avós vivem tentando me convencer que já passei da idade de me casar; as tias mais velhas se preocupam com meu futuro financeiro, como se isso fosse realmente importante. Mas dessa vez vai ser diferente.
Tenho 25, ou quase e me orgulho da idade que tenho pois ela é única, não poderei mais tê-la, em tempo algum, porém, como estou deixando que ela passe, mas que fique comigo guardada, eu tenho vivido-a intensamente. O que o futuro me reserva é assunto pra ser discutido em outro tempo, em outra idade. Afinal, daqui alguns segundos posso piscar e de repente descobrir que tenho 30, ou “quase”.

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