sexta-feira, 3 de novembro de 2017

em suas mãos

Naquela madrugada segurei suas mãos por horas.
Fiquei observando as a meia luz.
Tão frágeis, cheias de marcas, a pele fina e desenhada com linhas do tempo.
De tão ocupados que estamos, muitas vezes não percebemos que ele passa.
Me lembrei de quando criança, a via puxar com vigor, baldes e mais baldes de água na cisterna. Depois, com destreza, passar horas na cozinha limpando, cozinhando, organizando.
Também eram essas mãos que nos cobriam a noite, equilibrando a lamparina para vencer nosso medo do escuro.
Ali, tão dependentes das minhas, suas mãos estavam seguras, mas eu, nem de longe, teria a força que a senhora sempre demonstrou ter.
E o tempo, senhor do destino, passa para todos nós.
E suas marcas, inevitáveis, são desenhos enquadrados em nós, no corpo, na face e nas memórias.
Tempo, tempo, tempo.
Que eu saiba ser sua amiga, para que uma dia sejam as minhas, mãos pequenas e frágeis, estarem seguras entre as mãos de alguém.

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