quinta-feira, 6 de outubro de 2022

Tinha dor

 Tinha dor e calava. 

Dilacerava a fingida valentia, 

mas brigava.

Tinha manias e não continha, 

A irritante arte de ser assim.

Tinha medo e corria, 

insistia em fugir.

Fugindo se sentia segura.

Tinha o caos, 

e confusa sua cabeça.

Tinha feridas,

 sangrando 

alimentadas por lembranças que seria mais fácil esquecer.

Tinha desejo, 

a maliciosa vontade de arder.

O fogo a consumia. 

Tinha sonhos, 

tantos, 

diversos.

E ela só sabia fazer versos.

Tinha sorrisos,

 fácil rir de si mesma e suas tragicomedias. 

E  de tão ansiosa que andava pelo mundo,  tinha aquela estranha e urgente vontade de ser feliz.

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