quarta-feira, 8 de março de 2023

Essas mulheres

Pinta a face de vermelho 
Veste traje de guerra 
Convoca sua tribo 
Índia guerreira peleja 

Acorda de madrugada 
Poe feijão pra cozinhar 
Depois que aos filhos beija 
Vai pra rua trabalhar 

Escreve digita e lê 
Se equilibrando no salto alto
Advoga e conta leis
Nem sempre com isso concorda

Respira bem fundo 
tentando se controlar 
Sutura, limpa e ausculta
Um coração que vai parar
A médica acordada a 36 horas
Buscando a vida salvar

Quebra quebra não para de quebrar
Dedos machucados do coco da floresta 
E a mãe quebradeira quebrada está 
Mas precisa comprar o pão com o pouco que lhe resta 

No palco dança seminua 
Atrai pra si tantos desejos 
Pela manhã volta para casa
Fedendo a cigarro e cheia de medos 
Prostituta rampeira que sustenta os pais em segredo

O lixo revira, procura comida 
Latinhas, garrafas, precisa vender 
Sustento daquela que o vende
E aos seus filhos da o que comer

E são tantas Marias
Elisas, Marcias, Maize 
Mulheres comuns, mulheres apenas
Diariamente lutando 
Com seu jeito transformando 
Um mundo e pessoas 
Mulheres apenas



Nenhum comentário: