Querida Preta Gil;
Perdoe-me a intimidade, mas parece que somos amigas há tempos, tamanha minha admiração por você.
Alias, permita-me dizer o quanto é bonita, com essa cor moreno jambo amendoada pelo sol litoraneo e genética aprimorada de sua mae. Vc é decidida, confiante, exuberante, competente, batalhadora, UNICA.
Assumiu-se gorda. Não gordinha, termo no diminutivo que a maioria adora atribuir às mulheres mais "cheinhas, rolicinhas, fofinhas, redondinhas"; como se o diminutivo dominuísse também o tom zombeteiro designado aos gordos.
Você é uma mluher gorda, cheia de curvas torneadas, belas, lembrando a mulher saudábel que voce é.... ou era?
Cheia de razão você ousou posar nua. Mostrou a sensualidade existente em cada mulher magra, gorda ou não.
Rompeu paradigmas, brigou com a ditadura da magreza, levantou a bandeira das mulheres reais, despojadas das mediocridade de copiar as "caquéticas magras da moda".
Você foi a voz de milhares, milhoes de mulheres como você: gordas, sexs, vaidosas, amantes, amigas, esposas, mães, M U L H E R E S
Você gritou, conquistou os galãs que elas acreditavam estar accessíveis só as magras. Graças à você, essas mulheres tiraram do armário sacos de batata e abusaram dos micros e macro vestidos, rasgaram as batas pretas, calçaram botas de salto alto, desfilaram o batom vermelho e passaram a seduzir seu homem com calcinhas fio dental.
LIgaram as luzes na hora do sexo e desabrocharam sorrisos faceiros e confiantes. Aliás, depois de você, as gordas engraçadas passaram a ser a mulher-gato, felinas e amantes de si mesmas.
Você revolucionou Levantou a sapucaí nteira frente a uma bateria antes reinada por gostosonas magricelas e apáticas pelo regime.
Foi o auge da vitória que massageou o ego das gordas mulheres enclausuradas pelo sonho de serem livres.
Mas algo abalou o mundo novo que você ajudou a construir: você fez dieta, llipo e se rendeu.
Diante da televisão, lágrimas temperavam pratos de saladas daquelas mulheres que a seguiam convictas.
Agora, camisetão largo, barrigas salientes escondidas sob a calçola de algodao, suas seguidoras empunham pratos e mais pratos de salada e promessas vãs de regime iniciado a cada segunda feira. Afinal, elas querem ser como você.
Roupas coloridas guardadas, fio dental escondido, luz apagada, elas e eles esperam ansiosamente que um dia, o abajur se acenda novamente.
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