Pássaro preso em gaiola dourada
Não pia, não canta,
Pássaro viva solto
Ora voava, ora pousava para contemplar a imensidão do céu.
Sua casa, aquele azul límpido era uma casa sem portas ou janelas
Pássaro cheio de cor, energia, vitalidade
Um dia faltou comida
Um dia faltou pouso
Um dia faltou companhia
As vezes, quase sempre faltou amor
Mas não faltava liberdade
Não faltava vontade de voar
Perdeu as esperanças
Cansou de procurar
Ofereceram pouso, comida
Migalhas de amor
Ração cara, gaiola de portas abertas
Foi se deixando prender
Trocou sua liberdade por quase nada
Queria voar não podia
Queria cantar não podia
Queria piar, já não sabia
Arrastava-se pela gaiola
Comia um pouco
Oferecia sua beleza como pagamento
Sentia saudade
Sentia o peito doer
O coração gritar
Mas o pássaro não ia embora
Ficava preso de portas abertas
Resolveu esperar a morte física chegar
Já que pássaro sem canto
Pássaro sem asas
Pássaro sem vôo
Não tem vida, é apenas restos de lembranças
O pássaro desistiu de ser pássaro
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