quarta-feira, 25 de agosto de 2010

sem dom

Panos rotos ,esgarçados
O barro sem molde
Tanto pra mim, já não tenho o dom
Um dia quis
O cruzeiro apontava em outra direção
A lua negou o eclípse
Meus pulmões buscam ar

Poderia ter ensinado o caminho
O que foi oferecido era de bom grado
Pés descalços
Mãos calejadas
Do que era tudo?
Os dons perderam-se
Não há roupa
Não há vasos
Só cacos

Giro em torno de mim mesma
Fujo de círculos
Esferas perfeitas
Não há direção concreta

Tento afastar os pesadelos
Era mais fácil não dormir
Grito
Grito
Grito
Sinto muito frio no silêncio
A lua impõe sua presença
Embate com o sol
Briga entre o escuro e a luz
As mãos não encontram apoio
Tesoura, linha, espátula
Não posso dormir
Elas sangram
Pedaços de espelhos entre os dedos
Não suportei meu próprio reflexo
Grito
Grito
Grito
Gelo alivia a dor mas não estanca o sangue

Nenhum comentário: