Incrível como a ditadura da magreza rotula e estigmatiza principalmente as mulheres.
Sempre fui mais "cheinha"(adjetivo horroroso) e como outras mulheres sempre quis ser mais "magrinha".
PS: Eu detesto a denominação terminada em INHA
Adolescência um caos, como eu ja contei antes, era popular entre os garotos por ser a "grande" amiga. Mas na hora do conquistar, cativar, chamar a atenção, com certeza eu não era referência, então lia, lia, lia, fica intelectualizada, fazia todos os trabalhos da escola, mas na verdade, la no fundo eu queria mesmo era ser magra, bem ao estilo INHA, mas jamais admiti isso.
Olhando pra trás vejo as inúmeras sandices que eu, assim como outras garotas cometia.
*Receita do guaraná antártica com sal amargo: garrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr emagrece um quilo porque depois do primeiro gole é impossível comer ou manter qualquer coisa no estômago.
*Simpatia do arroz, e atribuída ao coitado do Chico Xavier. Consistia em colocar os grãos de arroz em um copo dágua, quantidade de grãos para cada quilo a perder. Você se entupia com aquela água branca e .... nenhum quilinho a menos.
* Dieta da lua, nessa eu fui campeã. Dias bebendo só liquido, um quilo a menos no final da semana, e na outra: você parecida com uma lua cheia.
* Deita da sopa da Ana Maria Braga. Eu adorei essa porque gosto de sopa, mas no final de uma semana, com certeza você morderia ate nuvem confundindo com algodão doce.
* Bulimia disfarçada. na minha adolescência esse não era um nome comum, mas todas as gordinhas sabiam que vomitar após as refeições era um ritual sagrado. me entupia de comida e depois, tudo pra fora. Essa foi uma das piores, me rendeu uma forte gastrite que ainda não consegui curar.
E por aí vai uma lista intermináveis de dietas e conselhos fornecidas por amigas e pelas Contigos, Cláudias, etc... da vida. Não que algumas dessas revistas sejam ruins, ate leio, mas quem é a adolescente que entende a sutil diferença entre o que se vê e o que você realmente é?
Se algum pai, mãe, parente próximo estiver lendo preste atenção: por mais que eu trate o assunto com certa pitada de humor ou cinismo, é serio, a baixa auto estima e a frustração de não conseguir aumentá-la pode trazer danos horríveis à vida social de uma mulher, e não se enganem, vocês quase nunca percebem. As marcas deixadas por esse período são incicatrizáveis.
Novelas, filmes, seriado, programas diversos, revistas de moda: ponto comum entre eles, a magreza de homens e mulheres.
Não quero e não vou levantar bandeiras em defesas de gordos ou gordas, mas não entendo porque tenho que ser a Débora Secco para ser bonita. Cada um, independente do sexo, cor, opção sexual têm atrativos naturais que só o amor próprio deixa transparecer.
Certo dia cheguei em uma loja de roupas e perguntei o preço de um vestido na vitrine, A vendedora me olhou de cima a baixo e disse?
- Não serve em você.
- Não foi essa minha pergunta, quero saber o valor.
- Não tem do seu tamanho.
- Em que cores ele veio?
- Acho que a senhora não vai gostar de nenhum.
- É uma pena, eu ia dar o vestido de presente e comprar um para mim e quem sabe assim, você ganharia algum dinheiro para estudar, se educar e se transformar em uma pessoa melhor. Eu sou gorda, mas você, é digna de pena.
Infelizmente essa cena eu ja vivenciei inúmeras vezes, assim como não encontro lingerie bonita para comprar, as pessoas sempre acham que "gordinhas" não tem formas, e sacos de batata servem perfeitamente. Biquinis? Isso é assunto para outro dia....
Sou uma mulher inteligente, decidida, bem resolvida e bem sucedida. Igual a mim, existem milhares, que podem ser ou aparentar o que quiser. O efeito sanfona me ensinou algumas coisas impagáveis:
* Amor próprio não tem preço, se não me amar como vou saber amar alguém.
* Importante é ter saúde, isso significa comer, vestir, dormir, morar, andar bem e muito bem.
* Se alguém só vê seu exterior, é porque não é digno nem de você nem de niguém.
* A beleza é natural, de você ou do seu talão de cheques.
Seja você magra ou gorda, seja feliz.
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