domingo, 25 de março de 2018

A menina que chorava cristais

Ela tinha aprendido cedo demais como transformar lágrimas em cristais
Não sabia quando tinha sido a primeira vez, mas eles brotavam da face assim como cresciam nas rochas abaixo de cachoeiras ou em grutas escondidas.
Ela mesmo era um abismo assim.
Pequenos, grandes, brilhantes, furtacor.
Cada lágrima se consolidava como o risco afiado não lapidado dos cristais.
Diamantes, rubis, esmeraldas, turmalinas.
Cores diferentes para emoçoes diferentes.
A menina chorava cristais.
Houve um dia em que quisera chorar rosas, talvez alcaçus.
Não.
Ela chorava cristais.
Só eles se tornariam espelhos.
Reflexos da alma de alguém que os tocasse.

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