sábado, 2 de janeiro de 2021

Algoz

Talvez um dia eu confesse
 Arrependida que estou 
 O crime cometido 
 Razão do meu castigo 
 Estigma da minha dor 
 Nem sempre fui criminosa 
 Já cheguei a te odiar 
 E até lutei contra ti 
 Vítima do seu olhar 
 E agora sou algoz de mim 
 E de tanto querer 
 E do muito desejar 
 Me vi presa a você 
 Prisioneira do dever 
 De você me afastar 
 E quanto mais me afastava 
 e assim me iludia 
 Mais desejava 
sair da sua vida 
 E você me transformava
 na sua melhor amiga 
 E assim a tristeza 
 Que em mim existia 
 Que sem ambições 
 De você não sabia 
 Ser o motivo da paixão 
 Que em mim fizera moradia
 Tanta consideração 
 Carinho 
e respeito
 Meu amigo 
Irmão 
 Fiel companheiro 
 Que não posso amar 
 Não desse jeito
 Pois esse amigo desconhece 
 A dor de guardar
 Esse amor no meu peito 
 Tortura cruel 
 Que me dilacera e fere 
 Desejar o proibido 
 Amar o melhor amigo 
 E não poder falar 
 E nessa prisão de porta aberta 
 Criminosa não descoberta
 Mas do seu crime refém 
 Faço desse amor meu castigo 
 Amar o melhor amigo 
 E nao conseguir amar mais ninguém
 Até que um dia quem sabe 
 Talvez encontre a cura 
 Que me trate a agonia
 de amar noite e dia 
 E viver nessa loucura
 De amar e desejar
 Quem nunca me amou 
 E não poderá amar 
 a melhor amiga 
 fiel escudeira 
 Que ficou prisioneira 
 sem direito a liberdade
 porque escolheu o segredo
 De viver no vazio 
 De amar o melhor amigo 
 E de morrer nesse amar

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