quarta-feira, 16 de junho de 2021

Carta de uma loba recém chegada a matilha

 Bem vinda aos 40. 

Não foi fácil chegar até aqui, mas você chegou. 

Veio nua, livre dos pesos e algemas do passado, ou ainda veste as teias que de nada servem agora? 

39 anos de chances se passaram e você aproveitou cada um deles. Sim. Não se assuste. Cada dia e ano vividos até aqui foram momentos únicos de aprendizado, onde você optou pelo bem e pelo mal, erro e acerto, ser feliz e infeliz. 

Vencidos esses anos minha loba, agora renova se a esperança, uma forma diferente de coragem e determinação construirão a mulher que você quiser ser.

 Não há espaço para crises existenciais, você sabe exatamente quem é o que quer e onde vai. Te é permitido ser livre dos padrões, não se preocupe se mini saia é over ou cabelo loiro não te cai bem.

 Você fica bem naquilo que a fizer sorrir, onde estiver bem e com quem reconheça o mulherão que se tornou ao longo dos anos.

 Talvez algumas feridas ainda sangrem. Dores sejam intensas. Cicatrizes feias. Mas veja bem, essa loba é você. Encontrará outras lobas que te estenderão as mãos e os abraços acolhedores quando pessoas te fizerem sentir triste ou menor.

 Não. Uma matilha forte não a deixará perdida no caminho. Foi preciso coragem e uma força descomunal para vencer todos os desafios impostos pela vida. 

já nasceu ousando e superou. 

É mulher, mãe, profissional, amiga, dona de casa, conselheira e guerreira. E tudo isso porque por ousadia não sucumbiu.

Bem vinda aos 40 loba. 

A partir de hoje terás 24 horas para se construir e reconstruir e viver. E caso consiga ultrapassa Las, seja grata; recomece nas 24 h que virão. 

Dona da sua história, protagonista, filha de Deus, celebre. Uive. Se precisar gritar, vocifere. 

No silêncio ouvirá sua consciência. Seja loba, seja você, e não tenha medo.

 As lobas, não o tem. 



terça-feira, 15 de junho de 2021

Horror

 Olhe nos meus olhos

Horrenda

Medonha

Amedrontadora

Veja a face do feio

Enxergue com medo

o que te assusta

Fantasmagórica 

Quis parecer real

Tentou ser bonita

um pouco corajosa até

Mas em seu pedestal de perfeição

do desejar o impossível

o bonito

o visualmente belo

Expurgou do seu caminho

O que a repulsa provocou

Não teve medo

Ânsia de vômito

Nauseado pelo horror que sentiu

Que pretensão a dela

tentar cativar o acostumado ao lindo

O perfeitamente perfeito

A beleza que não viu nela

mas a pena foi seu pior martirio

carregou consigo aquela dor

Afinal quem amaria o feio

Ainda que o horror estivesse cheio de amor?

segunda-feira, 14 de junho de 2021

Laços atados

 Estou me desligando desse laço

Do abraço

Desse nó desatado

Dessa ternura 

Serena

Da fé tão pequena

Que não me permite acreditar 

Que me permite te amar 

Sem o  laço afrouxar

Marinheira solitária

Por castigo isolada

Cujo o crime cruel

Foi amar sem limites

Limitada pelo perigo 

De desejar o proibido 

E viver escondida

Assoprando a ferida 

Feita de sal e fel 

Quero arrancar esses laços 

Apertados demais 

Que me prendem a você  

Cortar fora os pedaços 

Que sobraram dos abraços

Impedidos de abraçar

E quem sabe na loucura 

De cortar pulsos e vínculos

Eu afrouxe o medo

Te revele o segredo 

Que é amar sem medida

E livre das amarras 

Desse nó que aperta

Despedir me em prantos 

Rogando um acalanto   

Esses laços de amor que impera
































































Aos meus quarenta

Impressiona me ver no espelho a mulher de 40 anos. Bem, não são exatamente quarenta; 39 anos 11 meses e 28dias.
Cabelos brancos, inúmeros, milhares que me forçam vez ou outra me aventurar pintando sozinha e gastando mais no salão por não conseguir. 
Rugas aqui ou ali, e quilos, quilos e mais quilos de alojando nos lugares mais destacados de mim. Poxa, não dava para serem mais discretos como nas costas, bunda, coxas?
Não, acabam com a minha vaidade conferindo ao meu abdome seu hábitat natural preferido. E dor

Ahhhh.... As dores

Creiam, até pensar dói. É dor nas articulações, músculos, nos lugares mais inimaginaveis. E por falar em dor, todos os meus amigos sentem dor,e vira um assunto na roda de um barzinho, porque balada??? Ahhhh difícil aguentar sem sentir dor nos pés.

E quantas dores por coração partido, pelo vestido que já não me serve, ou pela insistente e irritante crise existencial.
Cansei. Mas quem disse que me é dado esse direito.
Cansaço e frustração são um mínimo múltiplo comum entre meus amigo. 

Amores perdidos, esquecidos, não vividos. Amigos que ganhei magoei, virou parente. E as relações vem e vão com o trem do destino que passa na estação da vida.

Houveram coisas que não vivi. Que desejei e não pude ter. Que tive e não dei valor. Que ganhei e perdi. 
Comecei dietas na segunda e encerrei na quarta. Disse não beberia após uma ressaca, comprei um vestido que não servia na intenção de perder peso, sapatos que usei e outros que nem gostava tanto assim

Viajei sofri. Ri. Ri muito da vida. Ela riu de mim.
Gargalhou

Entendi que Deus tem planos diferentes do meu. Ressignada vou levando grata a ele por tanta saúde. 

Que venham os próximos 40 e novas chances para recomecar



Traída pelo olhar

 Seus olhos a traíram. 

Em que momento? 

Foi quando sorriu ao ve lo tão perto?

foi quando tocou sua mão? 

Ele percebeu. 

Sim. 

Ela não conseguiu disfarçar. 

Era desejo. 

Era vontade.

 Era lascívia. 

Baixou os olhos. 

Esquivou se. 

Tentou sublimar. 

Não se conteve. 

Subestimou a capacidade de observação dele e se rendeu ao sorriso. 

Foi traída. 

Simplesmente. 

Ele riu por invadir a intimidade dela. 

Ela quis fugir.

A curiosidade instiga a imaginação. 

Alimenta a. 

Domina. 

Fortalece. 

OBS: qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência

terça-feira, 8 de junho de 2021

indiferença dos mortais

Como pode

Esse amor me corroer

Não posso amar 

Tão pouco consigo odiar

Odiar seria mais fácil

Alimentado por sentimentos que não permeiam na esperança

Nem tampouco consigo me afastar

E como eu queria. 

Ficar longe do sorriso que me alegra 

Ou do abraço que me aquece. 

As migalhas de afeto me sustentam 

Como forasteira no deserto sedenta de água pura

Ou a mais famigerada das almas a catar restos de alimentos deixados ao solo 

 Há uma tristeza infinita em implorar atenção. 

Uma comiseração sem precedentes ou dignidade

O amor tortura me vil e covardemente.

E rogo a paz dos que nada sentem ou esperam

Não tenho a esperança frustada dos amantes

Nem os sonhos me são dados como cortesia

 Apenas vivo os dias amando sem ser amada. 

Na espera que talvez  Deus se compadeça

 E me retire o ultimo fio de sentimento por piedade

Deixando me relegada a fria indiferença dos mortais

domingo, 6 de junho de 2021

Duelo

Escolha suas armas
Duele comigo
Que vença o mais forte
Assim quem sabe
Em meio a luta
Suas espadas machuquem menos
Que sua indiferença
Use toda sua força
E nesse destino vão de ganhar
Arranque com a lâmina 
Esse coração exsanguinante
Dilacerado a dor de te amar solitário
Há tempos ele se esvai sem esperanças
Use golpes mortais e tenha misericórdia
E num tiro certeiro apague a última luz
Aquela que deixei acesa esperando você chegar. Irei usar a arma que me restou
A súplica 
Pois já não tenho nem as palavras 
Que um dia guardei para te render poemas de amor