quinta-feira, 10 de agosto de 2023

Aí de mim

Aí de mim 
Dor cruel que assola
Corrói minhas entranhas
Dilacera minha carne
Rasga meu peito em desespero

Aí de mim 
Em comiseração 
Miséria de sentimentos 
Pobre alma devastada 
Mendigando afeto e compaixão

Aí de mim 
Desatino e desilusão 
Frustrada em minhas crenças 
Despedaçada 
Desmontada em seu alicerce em derrocada 

Aí de mim 
Torre desfeita
Corpo pútrido jogada ao chão
Corvos sedentos pelo choro copioso 
Da carne desprezada e sem amor

domingo, 6 de agosto de 2023

Meu pai

Meu pai era gigante 
No ser e no falar 
Meu pai tinha rompantes 
Era intenso demais 
Meu pai era alegre 
Gostava de cantar 
Tinha um jeito diferente 
De sorrir e de amar 
Meu pai era carinho 
Gostava de abraçar
Mas também era maldade 
Com palavras podia machucar 
Mas nem sempre era só mágoa 
Havia dias para lembrar 
Do tempo que éramos crianças 
Em casa gostava de ficar 
Meu pai me ensinou 
Que não podia confiar 
Era preciso ter força
Mais ainda trabalhar 
Ele só se esqueceu 
De um dia parar 
E ficar um tempo com os filhos 
E os netos aproveitar 
Mas sua morte repentina 
Que tanta dor deixou 
Levou meu pai tão jovem
E aqui a saudade ficou 
Do que poderia ter sido 
Do que foi e passou
De um homem tão bonito
Que foi meu pai, sei que me amou
E agora já não posso 
Abraçar e dar amor

Super herói

 Meu mundo está em ruínas

E tudo o que eu quero é salvação 

Te vejo como herói 

Você me salvaria?


Estranho desejar alguém assim 

Me sinto frágil perto de você

E não deveria ter me apaixonado

Talvez você nem saiba disso


Estou caindo e me machucando

Você me ferro com palavras 

Ainda acho que você viria me levantar 

Os heróis sempre vêm


Tenho frio e me afogo 

Nesse mar de tolice e medo 

Te entendo as mãos pedindo socorro

Eu grito 

Você viria?

Os heróis são fortes 

Sou frágil perto de você

Você viria se pudesse

Sonho que sim

quarta-feira, 2 de agosto de 2023

Vontades

 Sentiu que tremia 

Desconcertada pelo olhar 

Fingiu não sentir 

O toque a lhe provocar


Chegou bem mais perto

Tentou não demonstrar 

O desejo inquieto 

A vontade de beijar 


Quis provar do beijo 

A boca quente sedenta 

Desenhar no corpo a dedo

O caminho do membro teso


O pecado já não importava 

Era preciso entregar 

Àquilo que mais buscava 

E que o bom sendo não a deixava tocar



Se viu forjada a aço quente, moldada pelos golpes cruéis. Não sucumbiu ainda que sentisse uma dor profunda. As suas marcas eram da história cravada na carne. Nada disso haviam lhe tirado a doçura.