segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Ainda estou viva?


Pensamentos em pedaços
Estilhaços de espelho por todos os lados
Escondida entre medos, acertos e erros
Essa indiferença dói menos
A rejeição é um pesadelo repetitivo
Entre grades de uma prisão
Feita de anseios
Feita de horror
Feita de muita
E inquietante dor
A morte me cái tão bem
Seu vestido adere aos meus contornos
Não há o que posso fazer
A liberdade não é uma concessão
Cair é rotina
Mesmo quando tento ficar em pé
A fragilidade dos ossos não sustenta
Não há suporte para uma alma pesada
Insone
Indigente
Consumida em chagas
Tomada pela dor
A tristeza é fiel companheira

Ainda vivo
Não havia percebido
Tão acostumada à inércia
Não tenho para onde ir
Melhor ficar aqui
Nem sempre é tão frio
A loucura vem hora ou outra me visitar
Desvaneio em passos largos
Rodopio em valsa deprimente
A insensatez me faz dançar sozinha
Louca
Completamente Louca
Ainda viva
Quase nem percebo
Aqui nesse jazigo frio
Onde as flores são mortas
A água tem sabor amargo
Estou amarga também
A loucura me alimenta
Me sacia
Enquanto a morte me rodeia
E esse frio se torna quase insuportavel
Ainda estou viva?
Não tinha tamanha pretensão
Bastava-me ficar quieta
Não conseguem mesmo escutar meus gritos
Louca
Louca
A insana arte eu pinto em preto
Nuances fortes e traços leves
Percebo que os vultos sou eu
Foram traçados por mim
Louca
A loucura me dominou
Nem me lembrou se fui sã
A insanidade dissipou minha memória
Essa tragicomédia Nelsonrodriguiana
È digna de certo louvor
Já que aqui, não há aclamação
Ainda estou viva?
Achei que essa embriagues fosse a vida se esvaindo em gotas púpuras
Estou flutuando
Louca
Louca
De repente grito
Fico mais leve
A morte contorna minha silhueta
A sombra reflete na parede nua
Sim, aqueles traços são meus
Contam histórias que ninguém quis ouvir
Os estilhaços da minha alma
Foram quebrados de propósito
Era tênue taça
Ficou em pedaços
Assim como meus pensamentos
Mas, ainda estou viva?
Não sou sair daqui
Louca
Louca
Dou risada da morte me vigiando
Eu nem tenho medo dela
Porque foge de mim?
Pensei que fôssemos amigas
Estou agarrada às grades
Presa
Louca
Essa vontade retesada de me libertar
A morte me sugiga e tortura
Prefere me ver dispersa em pesadelos
Ri da face banhada em lágrimas de sangue
Refletidas nos pedaços espalhados pelo chão
Ainda estou viva?
Por quanto tempo?

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