terça-feira, 23 de novembro de 2010

A pecadora

Ela queria pecar.
Sentiu pela primeira vez o gosto do pecado na seiva doce de outros lábios que não os do seu dono. Estremeceu.
Sentiu borbulhar as lavas quentes do vulcão ocultos em si.
O desejo e o gozo inesperado. As mãos trêmulas. O suor impregnado de lascivia no seu corpo. Agora tocado por outro.
Era o pecado. 
Tinha ouvido falar tanto dele, essa vocação terna pelo proibido, o socialmente condenavel.
Ha muito não se sentia assim.
Leve, calma, capaz, sem aquele imediatismo do compromisso, sem a obrigação de ser perfeita.
Sentiu
Desejou
Comandou
Pediu
Despiu
Beijou com desespero
Desejou o sexo e o teve
Gozou como nunca
Pecou
Estava se acostumando a pecar...
A noite, ao lado do seu compromisso frio, da relação desgastada, da falta de amor e de vontade, cumpriria seu papel. Seu sorriso seria sarcástico, seu olhar compadecido.
O pecado lhe daria a paixão. A sensatez a impediria de fugir dali

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