quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Um olhar de Luz

    Numa tarde qualquer de luta por ideais tão perdidos quanto a esperança de muitos,  encontrou num sorriso travestido de amigo, um ponto de luz que nunca esqueceu. 
    O tempo passou, e o destino, que engraçado, cruzou de novo os ideais dela e a luz dele. 
    Então se lembrou do porquê do fascínio daquela tarde. 
    Ele tinha em si a paixão pela vida que ela um dia tivera, mesclada de uma doçura que havia se perdido com suas ilusões. 
    Caminhar ao seu lado, ensinou lhe sobre o ponderar, o remanejar de emoções, o compartilhar, mas também sobre esconder, dissimular, proteger e se resguardar. 
    Perto dele não tinha medo. 
    Sua ousada maneira de ser forte diminui a fingida fortaleza que ela impunha.    
    A mulher determinada extrovertida e ousada, ao seu lado era frágil, sensível e vulnerável. 
    Ele nem sabia que mudou tanto dela nela. Vê lo sorrir era um premio de consolação e também uma inspiracao. 
    ELE estava lá até quando nem percebia. Enxugou suas lágrimas e foi o motivo delas. 
    Consolou perdas, amparou quedas, cuidou e protegeu mesmo quando a despiu em sua arrogante mania de disfarçar sentimentos. 
    Ela so quis proteger, cuidar, preservar seu presente de luz.    
    As vezes errou na ansia de acertar. 
    E tantas desejou o que nao podia ter. 
    E se rendeu. 
    E se fechou. Como se aquilo maculada a intimidade tão natural. 
    O tempo trouxe a distância e com ela a prova de que ele transforma sentimentos porém não acaba com eles. 
     A saudade doia à medida que o amor crescia. 
    Não aquele com rótulo e explicações pré estabelecidas. 
    Mas um amor terno, puro, dedicado. 
    Carregado de uma carga de intensa paixão pelo ser do outro, por sua missão por suas qualidades e defeitos que fizeram dele, um homem fantastico. 
    Ela serenou a tempestade em si. 
    O mar bravio e urgente dentro dela deu lugar a mansidão daqueles que amam por escolher amar, cuidar, zelar e preservar. 
    Amor amigo cúmplice leal.
    Ela sabia que o tempo e a distância antes leais parceiros, tirariam dela o contato, o calor do abraço e o afago tranquilizador.
    Mas aquela luz, que ela viu no olhar naquela tarde, seria o farol do caminho que a lembraria eternamente do porquê ama lo. 
     E restou o amor.

terça-feira, 13 de outubro de 2020

Uma carta encomendada e nunca entregue

    Só hoje percebi o quanto gosto de você. 
    Não como pensei ser: amiga, irmã mais velha confidente. 
    Uma insistente e instigante mania de pensar em você, desenhando seu rosto e corpo, em cada detalhe, cada irritante gesto e essa sua chatice de me contrariar em tudo o que eu digo. 
    Descobri que eu adoro quando você dá risada e quase fecha os olhos ao sorrir. 
    Sem querer me peguei necessitando dos poucos abraços que você dá, não é muito dado a demonstrações de afeto. 
    Descobri que fico sem graça quando você me olha mais demoradamente e que minhas mãos ficam frias se o toco.
    Guardo segredos seus. 
    Guarda segredos meus. 
    Até pouco tempo atras, bastava ficar perto. 
    Hoje cada segundo ao seu lado é uma eternidade. 
    Cada dia longe de você uma tortura. 
    O que fiz comigo? 
     Porque permiti me apaixonar assim? 
    Tenho medo. 
    Não quero. 
    Não posso

sábado, 10 de outubro de 2020

Nao sou Orvalho

Sou tempestade.
Nasci tempestade. 
 Não vou ser brisa.
NAO VOU ser orvalho. 
 Esse turbilhão de raios e ventos que emanam de mim 
 São de verdades e paixão. 
 Prefiro ser temida pelo caos que provoco do que por mentiras proferidas na fingida calmaria

Olhos traidores

    Os olhos a trairam. 
    Por mais que ela tivesse tentado ocultar as mãos suadas, as pernas trêmulas e a voz entrecortada, foram eles, suas janelas d'alma que expuseram sua verdade. 
    Tão acostumada a dissimular suas intençoes para sua autodefesa, foi a arrogância de quem tem certeza que fez seu segredo ser revelado. 
    Como assim? 
    Ela dedicou seus dias brigando com seus desejos mais ardentes. 
    Sonhou, planejou, arquitetou encontros, beijos cheios de lascívia, o toque íntimo. 
    Ahhh como desejou o toque. 
    Poderia em sonhos descrever a fusão dos corpos com seus sabores.
    Quis ter e não podia. 
    Quis esquecer impossível. 
    Quis se entregar. 
    O pecado a instigava. 
    O proibido despertava nela seus instintos primitivos. 
    Ali, exposta pelo olhar, sua verdade revelada, sua intimidade invadida, não haveria o que fazer.
    Ré confessa de paixões fugidias, o preço a pagar seria alto demais. 
    
    Ficar sozinha
    e ficou

Arte de ser Ela

A chamaram PUTA. 

Vagabunda 

Maconheira 

Farofeira

Feiticeira. 

A chamaram Nerd 

Idiota 

Doida. 

Doidona 

Loucona 

Desastrada. 

TRAVADA.

E chata. Muito chata. 

Sensível demais. 

Escandalosa .

DRAMATICA 

Mimizenta 

Xiliquenta. 

DEPRAVADA. 

DEPRAVADAAAAAAAAA 

E assim,entre adjetivos ela foi seguindo. 
Nem sempre concordava. 
 As vezes vinham de pessoas que amava. 
E doía. 
Mas seguiu seu caminho e se tornou quem menos esperavam: uma mulher ora frágil as vezes forte, mas que nunca deixou de brigar pelo que acredita. 
Ainda hoje alguns desses adjetivos surgem como sutis brincadeiras. 
Mas não são quem ela é em sua essência... pelo menos, não sempre.

Tinha

Tinha dor e calava.
Dilacerava a fingida valentia, 
mas brigava. 
Tinha manias e não continha.
A irritante arte de ser assim. 
Tinha medo e corria, 
insistia em fugir. 
Fugindo se sentia segura. 
Tinha o caos, 
e confusa sua cabeça. 
Tinha feridas, 
sangrando, alimentadas por lembranças que seria mais fácil esquecer. 
Tinha desejo, a maliciosa vontade de arder. 
O fogo a consumia. 
Tinha sonhos, 
tantos, 
diversos. 
E ela só sabia fazer versos. 
Tinha sorrisos, fácil rir de si mesma e suas tragicomedias. 
E de tão ansiosa que andava pelo mundo, tinha aquela estranha e urgente vontade de ser feliz.

Garras

O que você esconde?
Quantas lágrimas verteu? 
Quando foi que teve medo; Por covardia tremeu? 
QUE segredos tão guardados Pode esconder?
 Há quem diga conhece la Porém nunca a entendeu. 
Olhos castanhos 
 De fera enjaulada 
Quem poderá domar? 
Jura que já foi lebre 
E de tanto fraquejar 
Obrigada a contenda 
 De si mesmo teve pena 
E criou garras para lutar