terça-feira, 13 de outubro de 2020

Uma carta encomendada e nunca entregue

    Só hoje percebi o quanto gosto de você. 
    Não como pensei ser: amiga, irmã mais velha confidente. 
    Uma insistente e instigante mania de pensar em você, desenhando seu rosto e corpo, em cada detalhe, cada irritante gesto e essa sua chatice de me contrariar em tudo o que eu digo. 
    Descobri que eu adoro quando você dá risada e quase fecha os olhos ao sorrir. 
    Sem querer me peguei necessitando dos poucos abraços que você dá, não é muito dado a demonstrações de afeto. 
    Descobri que fico sem graça quando você me olha mais demoradamente e que minhas mãos ficam frias se o toco.
    Guardo segredos seus. 
    Guarda segredos meus. 
    Até pouco tempo atras, bastava ficar perto. 
    Hoje cada segundo ao seu lado é uma eternidade. 
    Cada dia longe de você uma tortura. 
    O que fiz comigo? 
     Porque permiti me apaixonar assim? 
    Tenho medo. 
    Não quero. 
    Não posso

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