terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Além do tempo

Já algum tempo havia deixado de acreditar no amor, ao menos em relação a mim.Sem neuras, limitei-me a apenas seguir vivendo, com amigos, família e minha profissão. As tragicomédias vividas me levaram às minhas convicções.
Nesse século parece que homens e mulheres pararam de cumprir suas promessas, colocaram valores materiais às suas relações interpessoais e traduziram o eu te amo para o : agora eu te amo.
Confesso que sou passional, romântica e um tanto utópica. Mas, seria utopia querer o " amor eterno".
Eu não acredito no amor sem problemas, sem desafios a vencer, mas creio, piamente, no amor que tudo suporta, tudo crê, tudo espera. Sim, aquele amor em que os quilos a mais ou o arroz com feijão não são motivos para divórcio

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Foi em MArço

Foi em março que vi seus olhos brilhando
Em cristais lapidados
Em rocha talhados
Tão verdes como esmeraldas
Tão claros como o mar
Foi em março que ouvi sua voz rouca
Mas já não eram suspiros
Os gemidos se perderam com o tempo
Era março o começo de um fim
Foi em Março que te vi pronunciar palavras de amor
Não eram minhas
Não era eu
Era março , era outra
Era alguém que jamais poderia ser
Foi em março que te ouvi dizer :- é pra sempre
Foi em março que vi seus lábios ganharem outro beijo que não o meu
Nunca foram meus
Nem em março ou janeiro
Foi em março que marquei minha partida
E em março não consegui dizer adeus
Na solidão da espera
preferi ficar sozinha
e vi outros marços
dezembros
E vc se afastando de mim
Antes que outro março chegue
é melhor que meu amor adormeça
ate que em seus braços possa repetir
Amo vc....

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Sigo caminhando




Já que não posso caminhar
Meus pés descalços ficam frios
Se meu caminho já não é certo
Que eu mude meu rumo
OU meus passos me levem para outro lugar
Se eu não sou mais tão forte assim
Que eu pare de querer ser mais do que sou
Se a solidão me incomoda
Que eu siga sozinha com medo e tudo
Se o cansaço me domina
Então que eu pare e respire
Então vou apenas caminhando

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Barco à deriva




Esse vento gemente
Que faz o barco bailar
Velas que vão
Velas que vem
Vento na noite
Brisa que dela vem
Um barco sem leme
Marinheiro sem mar
sem barco
À deriva nas águas do seu destino
Barco sem leme
Sem porto,
Sem paradeiro
Chegada sem cais
Partida sem adeus
Marcas no casco
Desse barco sem dono
Talvez,
Leme na mão
Seria mais fácil ir em frente
E na tempestade
Teria capitão 
esse barco sem gente
Barco sem leme
Sem porto
Sem paradeiro



sábado, 27 de agosto de 2011


Só quando sonho


Os dias passam lentamente
Mas sinto que estou mais velha
depois que o vi, depois da última vez
Mentiras e desculpas me deixaram mais fria
Menos dócil do que já fui
Minhas crenças me impedem de vê-lo como ja vi
Até porque percebi que já não existem
E tudo o que nos separa
Idade
Vontade
pensamento
Sentimento
Distância
Desaparecem quando sonho com você
Só quando sonho


Por aí sem você
Você sem mim
Escolhas suas
Covardia minha
Meu pensamento está em você
Estou em você
Mas você já não está em mim
E ainda assim sonho
Por aí, onde estou só
Mas você reaparece no meio da noite
Quando sonho com você
Só quando sonho 


A distância parece aumentar
Já não nos falamos mais
Não há mensagens soltas
Um olá meio sem jeito
Falta tempo?
E tudo o que nos separa
Idade
Vontade
pensamento
Sentimento
Distância
Desaparecem quando sonho com você
Só quando sonho

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Lembranças e re lembranças


Mais perto quero estar meu Deus de ti....
Hoje enquanto arrumava o quarto da minha mãe e vi a foto da minha avó dentro do guarda roupa, foi essa a música que ouvi. Quase pude senti-la cantando do meu lado.
Forte, afinada, determinada. 
Essa era Dona Elizabeth.
Ainda hoje não encontrei nenhuma parecida. 
Tenho sentido tanta saudade. 
Semana que vem faz um ano que ela se foi, da maneira que merecia por tudo o que fez pela família, amigos, poe qualquer pessoa que precisasse: dormindo.
Nesses dias em que todos os meus fantasmas resolveram me atormentar, peço a ela em prantos que rogue por mim, assim como fez todos os dias desde que eu nasci. 
Tenho precisado tanto de amor, de afeto, do tipo que ela me oferecia com seu jeito particular e dos quais hoje não tenho nem em migalhas.
Não posso dizer que estou sentindo falta de alguém específico. 
Sinto falta de amor, em todas as suas formas, em qualquer quantidade. 
Eu e ele nunca andamos na mesma direção, por mais que eu o sentisse dentro de mim, não recebê-lo me manteve afastada dele.
Ouço que pai e mãe te amam de verdade, que família te ama de verdade, que Deus te ama de verdade.
De Deus não ouso reclamar, me amou e ama até quando não mereço e seu amor deveria me bastar. 
Mas sou humana e sinto falta de amor humano, nem que seja do pouco desse amor.
Afeto, carinho, atenção, cordialidade, esses sentimentos menos expressivos que o amor, porém não menos importantes eu consegui de poucos e raros amigos, meus avós (maternos e meu avô paterno)um ou outro familiar e um outro relacionamento.
Vale ressaltar aqui, nunca vivi um amor. Amei, me apaixonei, mas nunca vivi um amor homem-mulher, porque nunca fui amada. E pra minha desilusão, admito hoje com vergonha, que criei cada uma dessas minhas histórias, que na verdade nunca existiram, e se existiram, só na minha cabeça criativa de donzela sonhadora.
Tenho até evitado assistir dramas, comédias românticas ou filmes do gênero, porque a cada história, minha falência sentimental fica ainda mais assustadora e minha existência, simplesmente deprimente.
Consegui usando algumas artimanhas relações físicas, com pouco ou nenhum envolvimento da outra parte que me permitiram poder contar alguma dessas histórias e assim não ter que admitir vergonhosamente para as outras pessoas que nunca, realmente tive um relacionamento verdadeiro, só ficções que minha ilusão tornaram realidade, minha realidade.
Quando via e vejo meus amigos com seus pais, sinto uma inveja comiseradora, que corrói minha alma, já que desejava aquele amor pra mim. Nunca soube o que é um abraço de carinho ou consolo de pai ou de mãe. Nunca soube o que é ter a mãe ao seu lado na cama num dia de febre, ou abraçada a você num dia ruim. Nunca soube o que é o calor do abraço de pai numa tarde chuvosa ou no momento mais difícil da minha vida. Na minha casa, afeto, amor, abraço e beijo não era nem é um hábito. Que fique bem claro que não duvido dos sentimentos de mãe da minha ou de pai, apenas eles nunca conseguiram demonstrar.
Ao longo da minha vida, não anotei as noites em que fui dormir chorando porque ouvia as brigas e acusações dos meus pais, ou quando fazia alguma asneira pra chamar atenção e o que conseguia era que eles me acusassem ainda mais, se voltassem ainda mais contra mim. Houve dias em que ficou muito claro que eu me tornava persona non grata a cada atitude ruim minha.
Estou tentando escrever sobre cada momento ruim, sobre cada pesadelo que vivi sem que meus pais e irmas ao menos tivessem a curiosidade de saber mesmo estando junto a mim. Mas sempre que sento e começo a relembrar, sinto dores fortes, insuportáveis, que vão me dilacerando, me consumindo pouco a pouco, deixando quase nada do que já não há. vontade de viver.
E eu não tenho. Nenhuma.
Sem hipocrisia e mediocridade, do tipo : vc deveria se espelhar nas pessoas com câncer; vc deveria ter vergonha, não te falta nada, muitas pessoas têm menos que você e querem viver. NÃO.
N.A.O
Há dois anos peço a Deus que leve minha vida em troca da saúde do meu sobrinho que precisa muito mais que eu, que deseja ardentemente viver e eu não. E não é de hoje, tenho desistido da minha vida há anos só que ninguém quis notar.
Peço a Deus pois minhas convicções religiosas contradizem minhas intenções, no entanto nem delas resta muito.
A única coisa que sempre quis foi amor, o que mais quis e não tive.
Algumas das minhas vaidades foram satisfeitas e perdidas por não merecimento.
Perdi meu trabalho, meu reconhecimento profissional, muitos amigos, uma grande paixão, minha vida pessoal. 
O pouco que consegui adquirir de beleza exterior e auto estima também foi deteriorada aos poucos, o que vejo no espelho é uma mulher gorda, feia, de pele acneica e asquerosa, de cabelos maltratados, que mal troca de roupa, que vive de chinelos baratos, tão diferentes do salto que tanto gosto.
Ainda assim querem mesmo que eu tenha vontade de viver?
Há dias não saio nem na calçada, medo de encontrar alguem que me diga de boa vontade que:
- isso é uma fase que vai passar.
O olhar compassivo, de pena, o balançar da cabeça indicam que aquela pessoa pensa como eu, mas que não tem coragem suficiente pra dizer porque a convencionalidade social da compaixão não deixa.
E quando penso que tudo estava perdido e que minha vida estava suficientemente ruim, feia, sem vida social e vivendo de domestica barata e sem perspectiva, as coisas se encarregam de ficar pior e vem um outro monstro inocente pra deixar tudo pior.
Como posso dar amor agora se eu nao sei mais o que ele significa?
Como posso amar se não quero viver?
Já não sou mais eu, lutando pela morte, há alguem querendo uma vida que não lhe pertence: a minha.
Mais dia ou menos dia irei tomar coragem e colocar um fim a tudo isso. 
Sem remorço, sem culpa, sem adeus.
Vou estar serena. Assumirei as consequencias espirituais, onde os fantasmas serão mais fortes e aterrorizantes que os de agora. 
Alguns sentirão a perda, poucos a ausência e por fim a maioria cairá no esquecimento. 
Afinal, é como se eu ja não estivesse mais aqui.
Levarei a certeza que amei muito. Algumas pessoas com verdadeira adoração.
Até la, ficarei aqui, no meu jazigo existencial.
Na causa mortis: falência multipla da esperança por inexistência de amor


Beleza


FEIOSA FEIOSA FEIOSA!


Ainda posso ouvir os gritos e as gargalhadas dos coleguinhas da minha sala ainda nas primeiras séries. Me encolhia toda, sentia vergonha, mas naquela idade, não sabia me defender, nem minha inocência fazia ideia da crueldade que pode existir em alguem, mesmo na infância.
Não era a mais feia e estava longe de ser bonita. lembro-me bem que compartilhava com minha amiga Brisa (ela tinha um problema dermatológico no pescoço, órfã criada pela avó) desses xingamentos. Muitas vezes choramos juntas.
Eu parecida gostar de sofrer, pois convivia a maior parte do tempo com as meninas mais bonitas . De duas uma: ou eu tinha prazer sádico em ver minha feiura realçada ou me sentia privilegiada por andar com as meninas mais populares. Quem quiser entender essa minha idiotice infantil, basta assistir a esses besteirois americanos, sempre tem uma linda, loira magra, popular, cercada de CDFs feiosas e desengonçadas.
Quantas vezes chorei no banheiro, chegava em casa arrasada e ninguém percebia, nunca perguntaram. E família é sempre importante para te lembrar  que o que é ruim, pode sim piorar, em casa ouvia comentários sarcásticos e cruéis também. 
E como esquecer os parentes, esses também foram parte importante desse contexto, já que minhas bondosas primas me excluiam e me lembravam da minha aparência menos "favorecida".
Quanto tempo durou essa fase?
Pois eu conto sem pestanejar:
- Até a faculdade
Claro, todo esse ataque a minha auto estima passou por diferentes períodos, até porque com meu desenvolvimento aprendi a me defender ou a usar outros atributos pra chamar a atenção. Mas o "feiosa, boboca" passou de gritos e risadas para comentarios maldosos, sussurros em corredores ou cartinhas maliciosas. 
Ahhh alguém quer saber porque escrever sobre isso hoje?
Será que não superei isso?
Posso ate ver um ou dois cartões de um bom analista sendo-me oferecidos por alguns mais compadecidos.
A resposta é muito simples, tenho sido atormentada por alguns fantasmas do passado e esse, é um deles. Já não provoca tanto medo como antes, posso até dizer que me adaptei a ele, mas a questão é que, hoje ele se manifestou através de fotografias antigas.
Em tempos de siglas de significados catalogados, o que antes eram simples apelidos hoje é chamado de bulling. No fundo, a mudança de nome não mudou os estragos que passar por isso pode fazer na auto estima de alguém e por consequência em sua vida, nas suas atitudes.
Não foi mais fácil na primeira série do que no primeiro colegial. Se me olhar por alguns minutos no espelho, vou enxergar as minhas  faces e fases e todas as vezes em que me olhei e desejei ser outra pessoa; ser mais bonita, mais encantadora, ser popular. 
Vou me lembrar de todos os príncipes encantados que não me olhavam, de todas as paixões não vividas, de todas as esperanças perdidas. Simplesmente pelo medo da não aceitação ou de não me achar "tão bela", tão capaz de conquistar alguém.
E não fui mesmo, encarar a realidade é difícil.
Que atire a primeira pedra a mulher que não desejou ser mais alta, mais magra, ter cabelos de propaganda de shampu. Ser Xuxa, Luisa Brunet, Giseles, Anas Hickmans, Arósios. Que tenha a coragem de admitir que paga uma fortuna para, ao menos, ficar "melhorzinha".
Essa coisa de amor próprio, caráter, beleza interior determina quem você é e como você vai viver, mas, na hora da conquista, do olho no olho, não adianta ser hipócrita, Vinícius sabia o que dizia:
Me desculpe os feios, mas beleza é fundamental.

domingo, 14 de agosto de 2011

Dia dos Pais


Há muito tempo não escrevo; talvez seja a falta de inspiração ou o próprio medo de ser repetitiva. Mas hoje, dia dos pais, não teve jeito, acordei nostálgica. 
Me lembrei de quando era criança e acordava com a voz grave do meu  pai me chamando para ir comprar pão. Ele nunca estava em casa por causa do trabalho, e se estava, para mim e minhas irmãs era o momento de ter nossas vontades infantis satisfeitas. 
Carinhoso, brincalhão, atencioso, esse é o pai do qual me lembro. Do homem forte que abraçava, que nos levava para pescaria, ao clube, para jantar fora. Ainda é firme nas minhas lembranças a minha saudade, a minha admiração, o meu amor do qual hoje, parece restar tão pouco.
Todo mundo dizia que éramos parecidos, quando criança isso fazia algum significado, hoje é quase uma ofensa.
Nossa ligação foi se perdendo em meio a gritos, violência, acusações, cobranças, culpas, alcoolismo; brigas intermináveis que deixaram em mim feridas ora cicatrizadas ora abertas em chagas que ainda doem muito. 
Discorrer quem foi mais ou menos culpado na nossa história seria inútil, agora é tarde demais para tentar reparar danos que o tempo tratou de torna-los irreparaveis.
Com passar dos anos, meus avós foram ocupando um espaço antes dedicado a um só homem e passei a ver neles a figura de pai que eu havia perdido. Não que eu não os admirasse e amasse, mas eles se tornaram peças fundamentais na construção do meu caráter.
Meu avô Marcides por estar mais perto, foi um grande responsável pela adulta que eu sou. Com sua integridade, honestidade e carisma, me mostraram que eu devia ser mais humilde e assim conquistar as pessoas pelo que eu sou. Ainda busco muito da simplicidade dele e claro, da sua maneira de achar graça e tudo, em qualquer ocasião. Num dia como hoje, não tê-lo aqui será ainda mais difícil.
Do meu avô Leônidas eu tenho muito, idealista, sonhador, leitor assíduo, dedicado, entregue, essa sou eu, sua versão feminina. Não tenho a pretensão de ser como ele, mas o que herdei, faz e mim uma pessoa melhor. Sempre que posso, apesar da distância estou com ele, ouvindo suas histórias sobre a vida e nossos antepassados. Não fico entediada, respeito o sono que a velhice trouxe e cada momento ao seu lado são únicos, maneiras especiais de viver um dia por vez se aprender com ele o máximo que eu puder.
Apesar das mágoas e das feridas abertas, ao contrário do que pensam ao meu respeito, sinto pelo meu pai um carinho e uma compaixão que só a ligação de sangue pode explicar. Desejo todos os dias que ele mude suas atitudes, que construa uma nova história, que veja a sua própria vida com menos rancor e frustração e que passe a dar valor nas coisas realmente significativas como Deus, família, união sua saúde. 
Não nos falamos mais, mas nesse dia dos Pais minhas orações serão para que Deus restaure nele as coisas boas que ele tinha e que talvez ainda tenha guardado e quem sabe um dia, um abraço sele nossa reconciliação. porque faz falta, faz muita falta o amor de pai. 







sexta-feira, 8 de julho de 2011

se eu era

Se eu esperasse
nem sabia
Se sol
Se chuva
Se tempestade caía

Se eu era fraca
Não tentava
Nem dizia
So chovia
Lágrimas da alma
Cor de nada
Tudo cinza

Se eu era partida
Não havia
as chegadas
Despedidas
Era o adeus 
Era o pranto
O aceno
Despedida

Se eu era o medo
Sem segredo
Corvadias
Tudo receava
Mesmo se o nada vinha
Era temor, agonia

Se era mentira
O que dizia
O que falava
Ilusãoes ditas
Repetidas
São também mentiras

Se eu era o nada
Não havia o que completava
Mesmo que buscasse
Ou partisse
Não seria o que encheria

Se eu era a história
Saberia o final
Onde o amor começa 
Não termina com um ponto
Mas ela sem pressa
Esse amor viveria

O que bastasse

Não viu
A saída estava na entrada
E o que te faltava era tudo
E você queria o que servisse
E já nem era tão importante assim
Falar pra quê?
Se o tanto dói mais que o amor
Ele que é tanto quanto a dor
Fugir seria melhor, 
Se o melhor não fosse ficar
Assim contendo medidas
Medidas certas já não hão de restar
Creia ou ao menos tente
A saudade poderia ser sua melhor tentativa
Melhor que metades inteiras
Ou uma inteira metade para acreditar
E você só perderia pela coragem
Resta muito de você
E isso era muito
Mas muito e tudo já não são o bastante
E é bastante o calar 
Se não o fosse, porque o silêncio?

sábado, 11 de junho de 2011

OS DEVOTOS DO DIVINO


Sou Evangélica dede que nasci, mas minha mãe nos deus, antes de tudo, uma criação cristã, respeitano e conhecendo outras religiões e seus cultos.
Das diferentes festas religiosas que já acompanhei a que mais mexe comigo é a do Divino Espírito Santo, por inúmeros motivos; dentre eles o acreditar que o Espírito se move em nós com uma força tamanha e sem explicação.
As cores vermelho e branco simbólicas da festa expressam a força que ela tem. O branco, conjugação de todas as cores, ressaltando que Cristo é o amor entre todas as pessoas em suas diferentes crenças e valores, etnias, opção sexual, orientação cultural. E o vermelho o calor, o fogo que emana do espírito e que jaz em cada pessoa, mesmo que essa, muitas vezes nao acredite nele.
Ivan Lins, um dos meus compositores prediletos, soube, inspirado por Deus, expressar melodicamente o que os devotos sentem em relação ao Espírito Santo.
Hoje, quando a falta de amor ao próximo parece imperar, ver tantas pessoas reunidas por um só amor, nos faz ter esperança que esse mesmo amor pode mudar o rumo de toda uma história.
Até porque, foi preciso muito amor, um incondicional amor que perdura, para morrer humilhado, apenas para salvar aqueles que amava.
O que você faria por amor?



OS DEVOTOS DO DIVINO (Ivan Lins)

1.Os devotos do divino vão abrir sua morada pra bandeira do Divino ser bem-vinda, ser louvada, ai, ai.
2.Deus vos salve esse devoto pela esmola em vosso nome. Dando água a quem tem sede, dando pão a quem tem fome, ai, ai.
3.A bandeira acredita que a semente seja tanta, que essa mesa seja farta que essa casa seja santa, ai, ai.
4.Que o perdão seja sagrado, que a fé seja infinita, que o homem seja livre, que a justiça sobreviva, ai, ai.
5.Assim como os três Reis Magos que seguiram a estrela-guia, a bandeira segue em frente atrás de melhores dias, ai, ai.
6.No estandarte vai escrito que ele voltara de novo. E o Rei será bendito, Ele nascerá do povo, ai, ai.

sábado, 4 de junho de 2011

Frio

Como caminhar sem sapatos
A trilha está disforme
Perdi o mapa 
Estou sem rumo
Minhas roupas estão gastas
Sinto muito frio


Na madrugada 
quando tudo esta quieto
Tento me aquecer com palha seca
É em vão tanta procura
E o vento gélido me lembra que estou só


Os pés cansados imploram descanso
As mãos trêmulas indicam o esgotamento das forças
E o lamento já nao tem voz.
A face vermelha e pálida denotam a fraqueza que procuro esconder


Acendo mais uma pequena porção de palhas
O fogo se esvai depressa
E frio me condena
Vou em busca de um lugar mais quente.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Se fosse mãe



 Diário de uma Balzaquiana




    Daqui a dois dias vamos comemorar o dia das mães e acabo de brigar com a minha por um motivo pequeno, mas que pra ela é importante: eu voltar a frequentar a igreja.
  Fui criada na igreja evangelica, com direito a roupa de domingo, escola dominical, acampamento de jovens, alias, assim como fora minha mae e minha avó. Sou muito crente em Deus e adorava os domingos quando íamos a igreja, participava de todas as programações e na volta, aquele almoço com todo mundo reunido na casa da minha avó.
  Aliás, senti muita falta dela hoje, talvez menos do que vou sentir no domingo e bem menos do que minha mãe tem sentido. Se existe semelhança entre mim e minha mãe, posso afirmar que é o fato de nunca termos tido boa convivência e com a maturidade e distanciamentos, tentarmos melhorar isso.
  Minha família materna se destaca por suas matriarcas, de mulheres fortes, corajosas, guerreiras. Minha bisavó casou-se com um marido arranjado por minha tataravó e foi abandonada pelo marido com 9 filhos para criar; os educou e sustentou com seu trabalho de costureira. E no domingo, estava lá firme, elegante em seus trajes simples e seus filhos ao seu lado no primeiro banco da igreja. 
  Minha avó casou-se cedo com seu "príncipe" de olhos verdes, pobre mas muito bonito. Ajudou a cuidar dos irmãos. Em toda minha vida lembro-me bem de sua autoridade nos gestos e palavras, iniciativa, generosidade e sempre muito elegantemente trajada e perfumada. Até seu ultimo dia de vida, foi ela quem sempre socorreu irmãos, sobrinhos, filhos, genros e netos. Tinha um dom especial para abraçar os problemas alheios e resolvê-los. Foi uma mãe zelosa, firme, porém pouco carinhosa. E com minha mãe em particular, por ser a mais velha, rigorosa e cheia de cobranças.
  Passei a entender a relação das duas anos mais tarde. Minha mãe era a mais estudiosa dos filhos, vovó trabalhava muito para manter seus estudos em outra cidade e por isso as cobranças. Mamãe passou para medicina em uma federal, enchendo vovó de orgulho. Dois anos depois, conheceu meu pai, bom vivan, 4 anos mais moço, católico e de gestos rudes. Não era o que meus avós pretendiam para genro, foram contra o casamento. Mas não houve o que fazer, meus pais se casaram e minha mae largou a medicina para se tornar enfermeira. 
  Acho que vovó nunca entendeu isso. Mas foi a enfermeira que a ajudou na velhice, que a acolheu e realizou suas vontades. Vi poucas vezes um abraço ou um beijo entre as duas. Mas elas se entendiam do jeito delas.
  Certa noite, ano passado, minha mae teve pesadelos e vovó acordou de madrugada. Foi ate seu quarto, a cobriu, acalentou. Era a mãe leoa, carinhosa e zelosa cuidando da filha.
  Eu e minhas irmas crescemos convivendo pouco com minha mae, devido a sua jornada exaustiva de trabalho, que nos sustentou e educou. Assim como minha avó, ela sempre foi rígida, fria, mas presente nos momentos certos e provedora de todas as nossas necessidades. Nos deu uma educação tradicional e não fez mais por que não teve condições, já que sua vida pessoal com meu pai foi marcada por traições e enganos. Tivemos e ainda temos uma boa qualidade de vida e ela nos ajuda com o que pode.
  Somos tão diferentes e talvez por isso nossa relação seja marcada por brigas, ofensas, erros; da minha parte e da dela. ela nunca entendeu que eu tinha necessidades que o dinheiro não pode comprar, mas também cometi erros imperdoáveis na busca por sua atenção. 
  Me lembro que no dia das mães da escola eu participava das apresentações  e ela sempre estava lá, mas eu nunca tinha o abraço que minhas coleguinhas recebiam. Mas ela estava lá e apesar de nossos desencontros ela sempre esteve e sempre está.
  Se pudesse, teria agido de maneira diferente, teria lutado contra a minha natureza impulsiva e tentado ser a filha que ela queria. teria brigado menos, pedido mais desculpas, teria sido mais carinhosa, menos carente. Mas não se pode mudar o rio.   Hoje mais madura, mais consciente, vejo que não posso mudar o rio, mas muitas vezes, pode-se fazer um percusso diferente.
  Hoje a entendo como ninguém. Vejo minhas irmãs que agora são maes, cometendo alguns erros e acertos reflexos dos dela. Mas avó que minha mãe é parece mais amadurecida, o tempo a tornou mais terna, as perdas a deixou mais próxima de nós.
  Em programas de televisão vejo: Você só saberá o que é ser mãe quando for uma. A frase cheia de significados não é uma verdade absoluta; pois cada filho e cada mãe tem necessidades diferentes, nascidos em épocas diferentes. Então a mãe que você teve talvez não saberia lidar com a juventude de hoje, assim como a mãe que você é. Porém, numa coisa a frase está certa, dar origem a uma vida, é a sublimação do amor maior, e isso só uma mãe pode entender.
  Não posso mais ser mãe e entender esse amor e suas diferentes formas de demonstração. Um dia achei que seria. Mas compreendo como é grande o amor da minha mãe por mim, mesmo quando as adversidades nos contenda. Sei que ela me ama.
   Se fosse mãe, não sei se estaria sempre presente, certa, pedagógicamente correta, se não magoaria, se acertaria na escolha da escola ou dos conselhos dados. Se fosse mãe, gostaria de ter uma apostila que guiasse minhas ações para que meu filho ou filha se tornasse alguem digno e honesto como eu sou. Se eu fosse mãe, talvez a noite me sentisse culpada pelas brigas e tentaria me redimir no dia seguinte, ou me sentisse frustrada por não conseguir dar o melhor. 
        Se fosse mãe, se pudesse ser mãe, iria sentir o amor nascendo em mim, de mim e por mim. E esse amor, seria minha inspiração para viver!

quinta-feira, 14 de abril de 2011

A escritora de sonhos

Diário de uma balzaquiana 


Quem não conta histórias não tem memória; acho que era minha avó que dizia isso. 
E tenho tantas... Será que os 30 também trazem essa nostalgia?
Ou será a fase da lua?
As marés?
As oscilações hormonais?
Sei lá.
Quando eu fazia a 8º série, era mais tímida, mais isolada. Meu rol de amigos e amigas era super restrito, por não ser popular, é obvio. 
Passava desapercebida no recreio, nas aulas e até nas festas comemorativas da escola. E até nem me importava muito com isso, minha pouca auto estima não era dada às popularidades.
Pra variar o enredo bem ao estilo filminho-sem-graça-americano, eu era simplesmente apaixonada pelo garoto mais bonito da escola: um loiro de olhos verdes, mais velho que eu e morador dos sonhos de uma dúzia de outras garotas como eu.
Romantica inveterada, achei que escrever fosse a melhor forma de compartilhar com ele daquilo que eu chamava o maior amor da minha vida, razão do meu respirar. Embuída desse espírito de Julieta resolvi escrever cartas anônimas pra ele, apaixonadas, quase blocos de rapadura de tanta doçura, choros, perfumes e decalques coloridos. 
Eram uma, duas ate 5 cartas por semana. As declarações não tinham limites.
A entrega das cartas parecia saída do Missão impossível.
Tocava o sino do recreio, eu esperava todo mundo sair, uma amiga vigiava a porta, eu entrava sorrateira na sala dele, colocava a carta na parte inferior da carteira e saía de novo. Se alguem chegava, fingia procurar alguem.
Ele nunca descobriu quem era. 
Nesse meio tempo de história que durou um ano, a amiga alcoviteira se apaixonou também e como nao tinha vocabulário ou dom para escrever, passou a cobrar cartas apaixonadas pela ajuda que me oferecia. Por causa das cartas, ela conseguiu o objeto se sua paixao que ficou encantado com a "sensibilidade da garota que escrevia aquelas cartas".
Até aí tudo bem, era um sacrifício barato pago pelos serviços prestados pela amiga. Só que o namorado dela passou a mostrar as cartas para a irma, que apaixonada pediu que a cunhada escrevesse cartas para ela entregar ao amado.
Minha amiga sem saber o que fazer, recorreu a mim que passei a escrever quase 15 cartas semanais sem repetir nenhuma. Eu escrevia como se fosse a personagem da história, sentia o que a outra pessoa sentia, desenhava com as palavras os sonhos de outra sonhadora.
Uma dessas cartas foi parar acidentalmente no livro de uma professora, que ao encontra-la leu no meio da aula para toda a classe, querendo saber quem era a autora. 
Vermelha, tremendo e ja nao sabendo o que fazer, fiquei muda esperando que a sorte me mantivesse oculta.
Ledo engano. A professora conhecia minha letra, e veio falar comigo no final da aula.
Elogiou minha maneira de escrever, criticou meu excesso de timidez e quando achei que a conversa iria terminar na diretoria, chegou mais perto e disse:
Estou apaixonada e não sei o que fazer para que ele me note, sonho, choro e sofro por ele mas nao tenho coragem pra me declarar. Somos amigos e não sei qual seria sua reação. Será que vc poderia me ajudar com suas cartas?
Como dizer não para a professora? E o medo?
Lia escondida os romances da biblioteca municipal e me inspirava para escrever. Tomada pela história da professora, senti por ela piedade por viver uma história como eu. Foram as mais lindas cartas que já escrevi. 
Após de 3 meses de cartas apaixonadas e sem remetente, resolvi em uma delas, dar pistas de que era a professora. Ele entendeu, foi falar com ela e disse estar apaixonado por ela, pela mulher que escrevia as cartas que ele lia e relia. Começaram a namorar e ele nunca soube quem escrevia as cartas. 5 anos depois, se casaram numa cerimônia emocionante e fiquei feliz por participar daquela história. 
Durante o 8º ano, ainda escrevi outras cartas, para apaixonadas e apaixonados como eu. E nunca permiti que  revelassem a autoria. 
O Meu príncipe loiro nunca soube, nem mesmo quando mudamos de escola e numa festa do colegial ele me pediu um beijo.
A romantica escritora de sonhos seus e alheios está adormecida, mas eu nunca esqueci as chaves que me levam ao portal dos sonhos.